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sexta-feira, 15 de junho de 2012

RITUAL DA BANDEIRA DE SENHORA SANTANA EM UMBURANAS -CE

          Umburanas é um pequeno distrito  da cidade de Mauriti localizada no interior do Sul do Ceará. Este pequeno e singelo lugar destaca-se entre os demais por ter um povo deveras receptivo, alegre e anfitrião, pois todos que têm o privilégio de estar em Umburanas sempre retorna com muitas saudades. É como costuma dizer as pessoas de lá. "Quem bebe da água de Umburanas sempre retorna". Ô aguinha doce!!!. Mas na verdade, não tem nada a ver com a água. As pessoas de Umburanas tem uma qualidade singular de lugares pequenos onde todo mundo se conhece, para o povo dessa "terrinha", é sempre muito bom receber familiares que vem de fora e que trazem amigos e parentes para participar e juntos comemorar o reencontro da vida. Claro, além de toda essa receptividade dos umburanenses Umburanas ainda guarda em sua atmosfera um pouco das manifestações religiosas que se faz muito presente. 
       Em Umburanas como em todos os distritos de Mauriti, se comemora a festa de santos padroeiros. Temos Santa Ana a padroeira e São Francisco de Assis, no Bairro São Francisco. A festa de Santana é uma manifestação religiosa de grande importância para os umburaneses. Um fato extraordinário ocorre 13 horas antes do hasteamento da bandeira de Santana. Os devotos da Santa se reúnem, sobretudo os noitários, compram centenas de fogos de artifícios e 5 horas da manhã a comunidade reunida vai assistir ao show pirotécnico que encantam a todos. Antes disso todos se cumprimentam, conversam e os que não se vêem a muito tempo, vivem o momento especial do reencontro.
        É de hábito do povo se reunir no patamá da igreja para o hasteamento da bandeira, que fica em um mastro defronte a mesma. Na festa de Senhora Santana este fato é deveras relevante. No dia 16 de Julho a abertura da festa, o mastro é arrancado a bandeira feita de tecido recebe um tratamento especial, onde é lavada e perfumada e as 6 horas da noite os devotos de Santa Ana se reúnem na calçada da casa de seu João Felipe de onde o mastro e a bandeira são levados em procissão. Antes são distribuídas velas às pessoas  que rezam, fazem jaculatórias e cantam hino bendizendo a Santa. Para as crianças são oferecidas chuvinhas que ao soltarem transmitem toda a alegria inicial da festa. É um momento bonito e agradável de se ver. Em seguida os devotos de Senhora Santana seguem com a bandeira em procissão. até o riacho Umburanas, onde o mastro é imerso na água para que o inverno seja próspero e a colheita farta durante todo o ano. A procissão segue pela rua central da capela , sendo levada ao interior da mesma por  dois anjos que se colocam a frente segurando a bandeira e logo atrás, por devotos que fazem promessas de levar até os pés do padre a referida bandeira. Ao chegar na igreja toda a comunidade está pronta para receber a bandeira que entra seguindo um tapete vermelho e as pessoas que esperam anciosas a entrada triunfal estendem as mãos fazem seus pedidos e rezam. Algumas até choram emocionadas ou por algum outro motivo. No final da missa, o mastro juntamente com a bandeira é levado até a frente da igreja onde as pessoas e o padre permanecem presentes até o final do ritual, rezando, colocando incenso e os devotos respondendo as jaculatória. No final a bandeira é erguida e todos aplaudem. Algumas famílias ao final do ritual distribuem chuvinhas para as crianças soltarem.   
          A origem da história do ritual da "Bandeira de Umburanas" é bem surpreendente e os moradores mais velhos relatam que devido a carência de chuvas que houve durante a seca de 1915 e assolou sobretudo o interior do Ceará, o rio que servia para dar água as criações de gado e cabras, para lavar roupas e aguoar as plantações secou, e assustou os moradores. Uma senhora fez uma promessa a Santa Ana e suplico-lhe piedosamente que se a padroeira mandasse chuva para a região, todos os anos ela iria levar a bandeira da Santa até o rio e molhar o seu mastro, para que nunca mais faltasse água. Até hoje, este ritual é seguido por todos os moradores de Umburanas que participam sempre com muito fervor  e devoção.
        Até os dias atuais a festa de Senhora Santa Ana é uma das mais tradicionais e todas as noites durantes os novenários da padroeira a igreja de tamanho médio comporta um grande número de pessoas que lotam seu interior e a parte externa. Todos participam religiosamente da novena da Santa, entoando os hinos alusivos e recitando as jaculatórias correspondentes.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O acontecido de 2 de fevereiro de 2004 em Umburanas

Em 2004 quando havia sido construído a ponte sobre o riacho de Umburanas, ficaram em baixo desta, algumas colunas de madeiras e varas que foram erguidas para baterem a lage, e finalmente erguer-se a ponte. Não se sabe se foi por descuido dos profissionais que ali trabalhavam, mas aquelas vigas sobrepostas uma próxima as outras, trouxe para o povo desta terra, um infeliz acontecido que não sairá das mentes dos que lá habitam. Pois então, chegou o tempo de inverno e o rio como de costume na invernada "deu cheia", e saiu carregando enchente abaixo os "baceiros" de capim e alguns pedaços de madeira velha que se via pela frente. Ao se deparar com as vigas encurralando a passagem de qualquer baceiro que pudesse por ventura alí aparecer, estes foram se juntando as varas lá sobrepostas e obstruiu a passagem da água, que foi se represando e cada vez mais subindo de nível. Acredite meus amigos, o rio transbordou, invadiu algumas casas que ficavam as margens, algumas chegaram a ficar somente o teto de fora. Das "bodegas" alí perto, não sobraram nada, tudo o rio levou. Era sacas de açúcar, café, amendoim... o prejuízo foi feio. Sem falar nos móveis das casas que desceu junto ao boeiro. Veja o restante dessa história, contada em verso pelo meu estimado irmão Ismael Félix de Sousa, que transformou o fato, numa forma bem cômica, porém real em relação ao acontecido.




O CARMA DO POVO DE UMBURANAS ( Por Ismael Félix)

Amigos caros leitores
Prestem agora atenção
Não é História banal
Pouco mais de ficção
Mas é um caso real
Junto com o pessoal
Provo com toda nação

No ano dois mil e quatro
Dia dois de fevereiro
Em um inverno pesado
Em um tremendo aguaceiro
Até Senhora Santana
Viu da praça de Umburanas
Só restar fora o cruzeiro

Com as chuvas mais pesadas 
Que houve na região
O povo das Umburanas
O nosso caro torrão
Dizer que o que foi é
Só faltou chegar noé
Com sua arca em ação

Pôs pés do enorme açude
Formado aos pés do boeiro
Vinha tabores, panelas,
Castanhas de cajueiros
Amendoim, rapadura,
Arroz, feijão e gordura
Descia no aguaceiro

Houve grande prejuízo
Pra toda população
A água entrou na rua
Da nossa povoação
Da ponte pra rebanceira
A casa da padroeira
 Foi abrigo pro povão


Da casa de Zé Arraes
A bodega de Zé Brito
A água entrou na rua
A um momento esquisito
Traduzindo um sofrimento
Que ainda neste momento
Eu lembro do povo aflito.


Dito, Rosa e Zé de Lôra
Sofreram que até deu dó
Principalmente ao falar
Que eles não sofreram só
Normando, Chicola e Dão,
João Morais e Maranhão
Sofreram muito pior


A casa paroquial
Creche que há no lugar,
A casa de Neco Velho
De seu Vicente pra lá
Sem falar na de Morais
Que a água castigou mais
Sem ter do que reclamar


A casa de D. Lourdes
Também foi prejudicada
Também a casa de Fátima
Ficou ainda inundada
Zé Amâncio e Chico Importe
Devido a cheia ser  forte
As casas foram rachadas.


Andou na beira da cova
Mas por pouco se salvou
Graças a Jesus Amado
Que nessa hora lhe olhou
Pois isso comigo mexe
Por que no teto da creche
Um bezerro se atrepou


Doca foi quem perdeu mais
O povo não esqueceu
Mas a Deus agradecemos
A vida ninguém perdeu
Graças a Deus e a Santana
Nesse dia em Umburanas
Nenhum cristão não morreu


E demos graças a Deus
Pela quebra do bueiro
Que secou muito depressa
O infeliz aguaceiro
Que até Senhora Santana
Viu da praça de Umburanas
Só ficar fora o cruzeiro.


Autor: Ismael Félix de Sousa, Umburanas 2004.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

HISTÓRIA DE UMBURANAS

Foto retirada do orkut de seu leledo


Umburanas é um pequeno e aconchegado distrito que faz parte de Mauriti. De céu azul incomparável e nuvens brancas tal capucho de algodão que o torna inigualável de qualquer outro céu, o sol ardente e vivo que clareia o dia e cinge de vida o sossegado lugar. De um povo hospitaleiro sem igual, onde todos se conhecem e se respeitam. Umburanas terra de Santana, de um povo que expressa a religiosidade em tudo que vive. Umburanas terra de devoção a Vó de Cristo e a São Francisco de Assis o qual ganhou uma capela em sua homenagem e que nos meses de Outrubro se reza a novena ao Santo que renovou a vida de tantos Franciscos e Franciscas. Umburanas, terrinha abençoada por Deus que de braços abertos recebe todos os filhos seus. Um pouco da história de um "lugarzinho no meio do nada", mas que aprendi a gostar e retornar quando sinto saudades.

Obs 1: O texto a seguir é de autoria de meu irmão Ismael Félix, que tem verdadeira paixão por este lugar. 
Obs 2: Foram feitas apenas pequenas modificações do texto de origem.

Umburanas- Fundada por Gregório Alves Maranhão, conhecido por Gregório do Espírito Santo,  por volta de 1800.
Gregório casou-se com Isabel Furtado Leite do Coité e veio afixar sua descendência em Umburanas, terreno que pertencia por herança ao Senhor Francisco Dias da Costa.
Em Umburanas, Gregório construiu a primeira casa e o primeiro engenho começando assim o povoamento da região, que passados os anos e por sucessões hereditárias torna-se de herança da família Furtado Leite.


 03/04/1855 - Sr. Luís José Furtado e sua esposa a Sra. Francisca Maria do Espírito Santo, doam o Patrimônio onde fora construída a primeira capela à Senhora Sant’Ana, padroeira da comunidade.
O templo era pequeno e a devoção muito grande por parte do povo do lugar e da família que residia em Bonito de Santa Fé, Coité, e demais comunidades núcleos dos Furtado Leite, e da chamada família Martins de Morais

1896- O Sr. Major  Joaquim Antônio Furtado, bisneto de Gregório, e filho de Luís J. Furtado, constrói em Umburanas a atual Igreja em honra a Senhora Sant’Ana, continuando a devoção e tradição de seus pais. Ele, o major, era casado com Maria Luzia Furtado, filha do Capitão Manoel José, da Vila de Espírito Santo, Hoje um distrito de Mauriti, sediado na aprazível Vila de Anauá.
Desde a morte do referido Major em 1903, seus bens, inclusive a Igreja, passou aos cuidados da família (FURTADO LEITE), ao longo de cem anos, as responsabilidades da Igreja foi passando de pai para filho, logo da morte do Major, o Sr Francisco Lulu cuidou por muito tempo, passando para seu filho Joaquim Lulu e após a morte do mesmo a sua filha D. Dolores recebeu e acolheu esta responsabilidade por mais de trinta anos, quando em 2003, a mesma D. Mª Dolores Leite Arraes, entregou ao Vigário de Mauriti, na época o Pe. Paulo Lemos Pereira, a chave, os pertences e algumas jóias em ouro que a Igreja possuia. Atualmente o administrador geral é o Pe. Antônio Luís da paríoquia de Mauriti, e o coordenador, o Sr. José Amâncio

Festa de Sra. Sant’Ana- A festa da Padroeira de Umburanas (Sra Sant’Ana), era celebrada desde 1896 a 1938, nove dias antes do ultimo domingo de julho, mas por decisão da comunidade inspirada na idéia do antigo vigário da paróquia de Milagres-CE, o Padre Joaquim Alves de Oliveira, a festa passou a ser oficialmente celebrada de 16 à 26 de Julho, encerrando às 10h da manhã, com a Missa Solene em honra a Senhora Sant’Ana e S. Joaquim ( avós de Jesus). Após a missa a tradicional procissão percorre as principais ruas da comunidade com as Imagens dos Padroeiros, esta referida procissão é acompanhada por milhares de fiéis devotos da Santa.
   Na parte social a festa é muito animada, grandes nomes do Forró e da musica acústica do Brasil tocaram e tocam nos dias do festejo entre eles cita-se Limão Com Mel, Aviões do Forró, e etc, dando conhecimento nacional ao lugar e aos seus clubes Beira Rio, Éden clube e ainda o  Areal Drink’s. Nas apresentações culturais em frente a praça da igreja, apresentações de cantores da terra, cantadores, poetas, comidas típicas, o tradicional parquinho para as crianças e as barracas de camelôs, vendendo diversidades de mercadorias que servem de lembranças para guardar e rememorar a tão saudosa festa de umburanas.
                         

                                                                                       




            

UMBURANAS EM VERSOS POR ISMAEL FÉLIX


REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA DE UMBURANAS


Pra falar de Umburanas
Peço a Deus inspiração
Suas serras e belezas
Traz tanta admiração
Comunidade singela
Que me traz fascinação

Pra mim é a mais bonita
De todas as brasileiras
Com suas compridas histórias
Santana sua padroeira
Com suas serras recortadas
E as gigantescas pedreiras

Em anos já decorridos
Foi criado um povoado
Pela ação de um povo
Com rosto muito educado
E com certeza na paz
Foi um povo abençoado

Gregório seu fundador
Que veio de Portugal
Este que a elevou
Com gosto, afeto e moral
Deus quem o abençoou
Na sua terra natal


O major Joaquim Antonio
A igreja edificou
Criando uma tradição
Que o povo continuou
Garanto que Santa’Ana
Foi quem o abençoou

Com a construção dessa igreja
Ele foi abençoado
Ainda que morreu novo
Foi bem privilegiado
E com certeza por Deus
No céu foi canonizado

A mesma igreja é que narra
Com fé, amor e bondade
Uma grande tradição
Que dá continuidade
E traz uma gratidão
Pra toda comunidade

Nosso amigo Zé Quinquinho
Teve participação
Ajudou muito seu povo
Porque tinha condição
E doou um dos terrenos
Pro bem da população

O senhor Joaquim Lulu
Foi um homem de memória
Trouxe pra comunidade
Um nome de grande história
Por isso também merece
Elogio nesta história

O senhor José Morais
Cresceu e foi importante
Hoje o seu nome é lembrado
Porque foi comerciante
Que pena que a sua vida
Não deu pra ir adiante

O senhor José Osário
Por mim também foi lembrado
Morou lá no mororó
No sítio muito estimado
E por ter fé em Jesus
Ele foi abençoado

O senhor Luis Gonçalo
Foi um homem promovido
Teve fé e amizades
Por isso foi sucedido
E sei que aonde estiver
Está mais favorecido




O senhor André Ferreira
Homem de admiração
Que Deus por ser tão bondoso
Deu a santa proteção
E o cobriu com muitas bênçãos
Por ter um bom coração

Senhor Pedro Severino
Um homem sempre da roça
Nunca deixou faltar nada
Dentro da sua palhoça
Um trabalhador rural
Com mão caloza e grossa

Termino aqui minha rima
Porque estou sem razão
Pois eu falei na poesia
De uns homens e outros não
Que se eu for falar em todos
Não acho quem dê venção